O processo de medicação é complexo e multidisciplinar, envolvendo várias etapas, incluindo o preparo e a administração de medicamentos. Erros de medicação são eventos evitáveis que podem resultar em uso inadequado de medicamentos ou danos ao paciente. Eles representam uma das causas mais frequentes de incidentes de saúde, com uma taxa média de 32,1%, tornando-se a segunda causa de incidentes relacionados à saúde.
Medicamentos injetáveis, devido à complexidade no preparo e administração, apresentam um risco particularmente elevado de erros. Esses erros têm sérias consequências, incluindo morbidade e mortalidade, e representam um grande ônus econômico para os sistemas de saúde em todo o mundo.
Para abordar esse desafio global, a Organização Mundial de Saúde lançou o terceiro desafio global, com o objetivo de reduzir pela metade, nos próximos cinco anos, os danos graves e evitáveis associados a medicamentos.
No Brasil, os erros de medicação são notificados em serviços hospitalares, mas o cenário em serviços de urgência e emergência, incluindo unidades de pronto atendimento, permanece pouco explorado. A dinâmica do atendimento de emergência sobrecarrega o sistema de saúde e pode aumentar a ocorrência de erros.
Estudos mostram que cerca de 25% dos pacientes que utilizam os serviços de emergência no Brasil sofrem algum dano relacionado a erros de medicação.
Identificar os tipos de erros relacionados ao preparo e administração de medicamentos é essencial para prevenir sua ocorrência, melhorar a segurança do paciente e desenvolver estratégias para uma prática segura de medicação. Este estudo visa caracterizar os erros ocorridos durante o preparo e a administração de medicamentos injetáveis em unidades de pronto atendimento, com o objetivo de impactar positivamente na segurança dos pacientes, suas famílias e nos serviços de saúde, bem como no planejamento dessas etapas críticas do sistema de medicação em estabelecimentos de saúde.
Resultados e Discussão:
O processo de preparo e administração de medicamentos injetáveis é uma etapa crítica na assistência à saúde, que demanda rigor e adesão a diretrizes de práticas seguras baseadas em evidências. Este estudo investigou a ocorrência de erros nesse processo em uma unidade de pronto atendimento, evidenciando a necessidade de melhorias significativas na prática de medicação.
Foi constatado que, apesar das recomendações existentes, a adesão às práticas seguras de preparo de medicamentos é inexistente e inconsistente, o que levanta preocupações quanto à segurança microbiológica. Os erros mais prevalentes estiveram relacionados à falta de inspeção visual adequada dos medicamentos antes do preparo, incluindo validade, coloração e presença de corpos estranhos e partículas. Além disso, a associação inadequada de medicamentos foi frequente, aumentando o risco de complicações.
Uma falha importante identificada foi a omissão da prescrição do diluente nas doses preparadas, deixando a escolha do diluente a critério dos profissionais de enfermagem, o que pode comprometer a segurança do processo.
A administração dos medicamentos também revelou fragilidades, com erros relacionados à identificação do paciente, informação insuficiente sobre o medicamento a ser administrado e falta de verificação de alergias medicamentosas. Esses erros podem resultar em danos aos pacientes.
A pesquisa ressalta que a segurança no processo de preparo e administração de medicamentos não depende apenas da ação dos profissionais de enfermagem, mas também de uma organização institucional que garanta protocolos de boas práticas, padronização de diluições e associações de soluções, medidas de biossegurança e treinamento adequado para a equipe.
A falta de aderência às práticas seguras de medicação em unidades de pronto atendimento pode ser atribuída a diversos fatores, como superlotação, alta rotatividade de pacientes e condições clínicas desafiadoras. No entanto, a pesquisa enfatiza que a prevenção de erros e a segurança do paciente devem ser prioridades, exigindo educação contínua, gestão eficiente e a adoção de tecnologias como o uso de ultrassom para terapia intravenosa.
Os medicamentos de alto risco, que exigem maior atenção na administração, foram identificados como presentes nas doses administradas, mas a falta de identificação adequada do paciente aumenta o risco de eventos adversos graves.
Em conclusão, este estudo destaca a necessidade urgente de melhorar as práticas de preparo e administração de medicamentos injetáveis em unidades de pronto atendimento. Recomenda-se a adoção de protocolos sistematizados, educação permanente para as equipes e a revisão das condições sistêmicas e humanas nas unidades para garantir a segurança do paciente durante todo o processo de medicação.
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